(UNICAMP - 2021 - 2ª FASE)
Texto 1
Audino Vilão é o pseudônimo de Marcelo Marques. O universitário paulista de 18 anos cursa Licenciatura em História e produz vídeos em que traduz conceitos filosóficos complexos em linguagem coloquial, com gírias típicas das periferias do Estado de São Paulo. Audino se apresenta como um vilão que sequestra o conhecimento da elite acadêmica e distribui pra todo mundo, igualmente, da melhor forma possível. Ele entende que é preciso valorizar a cultura do aluno, o dialeto dele, seu conhecimento de vida.
(Adaptado de Bárbara Martins, “Audino Vilão: universitário traz conceitos filosóficos para linguagem da periferia.” Disponível em https://www.hypeness.com.br/2020. Acessado em 09/11/2020.)
Texto 2
“E aí, molecadinha que nos assiste? Primeiramente um abraço, um cheiro, um amasso, diretamente daqui da 019, Audino Vilão na voz, trazendo pra vocês uma explicação: que que é democracia? Pra começar, vamo vê na história. A democracia surgiu na Grécia, na cidade de Atenas, em 504 a.C., em resposta aos governos autoritários. Cê é louco, o bagulho, mó tempo, né? Os cara mandava em tudo, metia o louco. Aí os caras saíram do poder, o povo se uniu e pensou: Parça, e se nós fizesse esse bagulho agora, e se nós mandasse nesse bagulho aí? Aí a rapaziada lá, suave, se reuniu nas praça, nos congresso, os cara discutia qual que vai ser a plantação, qual que vai ser o festival da cidade. Só que, naquela época, pra você participar da democracia você precisava ser homem, maior de 21 anos, precisava possuir terras e... o mais importante: você precisava ser cidadão ateniense. Você não poderia ser nem mulher, nem escravo. Então era um bagulho meio elitista, tá ligado? Era um bagulho meio exclusivo. Mas qual que é essas ideia de democracia? Democracia é uma forma de governo onde todo mundo pode participar. Dá pra todo mundo tentar fazer o seu corre, e tentar progredir no nosso país, no nosso município, na nossa quebrada. Porque a democracia parte de um princípio de respeito à liberdade individual. Mas não fica só nisso não. A democracia também acontece quando você vai lá e cobra o político: e aí, mano, cadê as escola? O certo é o certo, o errado é cobrado, e a democracia é dessa fita, entendeu?”
(Adaptado de Audino Vilão. Disponível em https://www.instagram.com/p/C E7wnZypyEi/. Acessado em 09/11/2020.)
a) Cite duas características da democracia grega que, segundo Audino Vilão, a diferenciam do conceito atual de democracia.
b) A quem se dirigem os vocativos “Parça” (no primeiro parágrafo), e “mano” (no segundo parágrafo)?
Gabarito:
Resolução:
a) A democracia grega, diferente da contemporânea, não era um direito comum, uma vez que excluía dos processos políticos a parcela não-ateniense (mulheres, escravos) da população. Outra diferença entre a democracia ateniense e a atual é o caráter direto daquela, que prezava pela ação não mediada e opinião individual dos cidadãos, que tinham a voz na Ágora. Hoje, por outro lado, a democracia opera por vias indiretas, em que a população pode se envolver por meio da escolha e acompanhamento de representantes, os “políticos”.
b) O vocativo “parça” remete ao próprio povo ateniense no contexto de sua mobilização interna pela democracia. Seria o chamado de um dos cidadãos a outro, invocando à ação. O segundo vocativo, “mano”, refere-se a “político”, o qual deve ser interpelado pelo cidadão que deseja cobrar e participar da democracia atualmente.
(Unicamp 2016)
Em sua versão benigna, a valorização da malandragem corresponde ao elogio da criatividade adaptativa e da predominância da especificidade das circunstâncias e das relações pessoais sobre a frieza reducionista e generalizante da lei. Em sua versão maximalista e maligna, porém, a valorização da malandragem equivale à negação dos princípios elementares de justiça, como a igualdade perante a lei, e ao descrédito das instituições democráticas.
(Adaptado de Luiz Eduardo Soares, Uma interpretação do Brasil para contextualizar a violência, em C. A. Messeder Pereira, Linguagens da violência. Rio de Janeiro: Rocco, 2000, p. 23-46.)
Considerando as posições expressas no texto em relação à valorização da malandragem, é correto afirmar que:
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(UNICAMP - 2016 - 1ª fase)
É possível fazer educação de qualidade sem escola
É possível fazer educação embaixo de um pé de manga? Não só é, como já acontece em 20 cidades brasileiras e em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique.
Decepcionado com o processo de “ensinagem”, o antropólogo Tião Rocha pediu demissão do cargo de professor da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) e criou em 1984 o CPCD (Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento).
Curvelo, no Sertão mineiro, foi o laboratório da “escola” que abandonou mesa, cadeira, lousa e giz, fez das ruas a sala de aula e envolveu crianças e familiares na pedagogia da roda. “A roda é um lugar da ação e da reflexão, do ouvir e do aprender com o outro. Todos são educadores, porque estão preocupados com a aprendizagem. É uma construção coletiva”, explica.
O educador diz que a roda constrói consensos. “Porque todo processo eletivo é um processo de exclusão, e tudo que exclui não é educativo. Uma escola que seleciona não educa, porque excluiu alguns. A melhor pedagogia é aquela que leva todos os meninos a aprenderem. E todos podem aprender, só que cada um no seu ritmo, não podemos uniformizar.”
Nesses 30 anos, o educador foi engrossando seu dicionário de terminologias educacionais, todas calcadas no saber popular: surgiu a pedagogia do abraço, a pedagogia do brinquedo, a pedagogia do sabão e até oficinas de cafuné. Esta última foi provocada depois que um garoto perguntou: “Tião, como faço para conquistar uma moleca?” Foi a deixa para ele colocar questões de sexualidade na roda.
Para resolver a falência da educação, Tião inventou uma UTI educacional, em que “mães cuidadoras” fazem “biscoito escrevido” e “folia do livro” biblioteca em forma de festa) para ajudar na alfabetização. E ainda colocou em uso termos como “empodimento”, após várias vezes ser questionado pelas comunidades: “Pode [fazer tal coisa], Tião?” Seguida da resposta certeira: “Pode, pode tudo”.
Aos 66 anos, Tião diz estar convicto de que a escola do futuro não existirá e que ela será substituída por espaços de aprendizagem com todas as erramentas possíveis e necessárias para os estudantes aprenderem.
"Educação se faz com bons educadores, e o modelo escolar arcaico aprisiona e há décadas dá sinais de falência. Não precisamos de sala, recisamos de gente. Não precisamos de prédio, precisamos de espaços de aprendizado. Não precisamos de livros, precisamos ter todos os nstrumentos possíveis que levem o menino a aprender.”
Sem pressa, seguindo a Carta da Terra e citando Ariano Suassuna para dizer que “terceira idade é para fruta: verde, madura e podre”, Tião diz se entir “privilegiado” de viver o que já viveu e acreditar na utopia de não haver mais nenhuma criança analfabeta no Brasil. “Isso não é uma política e governo, nem de terceiro setor, é uma questão ética”, pontua.
(Qsocial, 09/12/2014. Disponível em http://www.cpcd.org.br/portfolio/e_possivel_fazer_educacao_de_qualidade_100_escola/.)
A partir da identificação de várias expressões nominais ao longo do texto, é correto afirmar que:
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(Unicamp 2016)
Em relação ao trecho “E ainda colocou em uso termos como ‘empodimento’, após várias vezes ser questionado pelas comunidades: ‘Pode [fazer tal coisa], Tião?’ Seguida da resposta certeira: ‘Pode, pode tudo’”, é correto afirmar
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(Unicamp 2015)
Dados numéricos e recursos linguísticos colaboram para a construção dos sentidos de um texto.
Leia os títulos de notícias a seguir sobre as vendas do comércio no último Dia dos Pais.
Venda para o Dia dos Pais cresceu 2% em relação ao ano passado.
Adaptado de O Diário Online, 15/08/2014. Disponível em http://www.odiarioonline.com.br/noticia/26953/. Acessado em 20/08/2014.
Só 4 em cada 10 brasileiros compraram presentes no Dia dos Pais.
Época São Paulo, 17/08/2014. Disponível em http://epoca.globo.com/regional/sp/Consumo. Acessado em 20/08/2014.
Podemos afirmar que:
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